domingo, 4 de janeiro de 2009

A MÚSICA ROCK NOS ANOS SESSENTA - Dr. Samuelle Bacchiocchi - Prof. da Andrews University.

PARTE 2
A MÚSICA ROCK NOS ANOS SESSENTA - Dr. Samuelle Bacchiocchi - Prof. da Andrews University.
Vários fatores contribuíram para a popularização da música rock nos anos sessenta. Esta foi uma das décadas mais tempestuosas na história americana moderna. A mortandade na Guerra do Vietnã, o movimento “Deus está morto”, o surgimento do movimento hippie, assassinatos políticos, a disseminação das drogas que alteravam as mentes, o medo da guerra nuclear, os violentos protestos em muitos campi de faculdades, suspeitas das instituições tradicionais, e outros fatores, fizeram desta época uma época de grande desilusão entre os jovens.
A Música de Jesus. A terreno fértil da turbulência dos anos sessenta facilitou o rápido crescimento da música rock secular por um lado e o movimento de Jesus por outro lado. Muitos jovens que se haviam desiludido com a cultura da droga e com as instituições políticas, começaram a buscar algo mais profundo. Uma vez que eles haviam abandonado há muito tempo
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as igrejas tradicionais de seus pais, começaram a desenvolver seus grupos religiosos de estudo. Tornou-se bacana entre os jovens “experimentar Jesus” como anteriormente haviam experimentado as drogas.
Para apoiar a nova experiência religiosa, o movimento de Jesus introduziu a então denominada “Música de Jesus”, que depois ficou conhecida como Música Cristã Contemporânea. Esta música era uma versão purificada do rock secular, a qual se acrescentaram letras cristãs. Larry Norman é considerado um dos primeiros inovadores. Ele formou a banda de rock chamada “People”, gravando seu primeiro álbum Upon This Rock, que é considerado por muitos como a primeira gravação de música rock “cristã.” Norman se tornou controverso entre os evangélicos por causa de suas letras diretas que não soavam bem para a fé Cristã. A então denominada música rock cristã, era inspirada amplamente pelo rock secular, que naquela época era promovido com sucesso, especialmente pelos Beattles.
O Papel dos Beatles. Os Beatles são considerados como os músicos mais importantes a alcançarem o cenário do rock durante os anos sessenta. Eles eram quatro jovens ingleses com botas de salto alto, trajes pequenos, e com cortes de cabelo que pareciam uma tigela. Quando eles se apresentaram no Ed Sullivan Show em fevereiro de 1964, 68 milhões de pessoas (uma das maiores audiências da TV na história) sintonizaram suas TVs para assistirem sua performance. Inicialmente eles não se apresentaram de forma tão vulgar e imoral como haviam ficado conhecidos na Inglaterra. Suas canções como “Love Me Do,” “She Loves You,” e “I Wanna to Hold Your Hand”, pareciam ser bastante inofensivas. Os pais sentiram que podiam confiar suas filhas a eles, pois tudo o que eles queriam fazer era segurar as suas mãos.
Os Beatles foram tremendamente bem recebidos na América. Suas canções não saíam das listas de mais vendidos tanto na América quanto da Inglaterra. Pessoas de todas as idades abriram seus corações para os quatro fabulosos que pareciam ser um grupo de rock inocente, divertido. Mas demorou muito para que os Beatles revelassem suas verdadeiras cores.
No verão de 1966 John Lennon fez sua declaração controversa: “O cristianismo vai passar; vai desaparecer e encolher, não preciso discutir sobre isso; tenho razão e vamos provar que estarmos certos. Exatamente agora nós já somos mais populares que Jesus.” 14 Deste esse tempo em diante os Beatles se tornaram fortemente envolvidos pelas drogas e pelo transcendentalismo oriental.
Lennon admitiu que durante três anos esteve usando constantemente LSD. Ele acreditava que o LSD pudesse conduzir as pessoas à utopia pela qual estavam buscando. Os Beatles freqüentemente passavam a noite inteira sob a
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influência das drogas durante suas sessões de gravação. Destas sessões veio o álbum chamado Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club, que tornou manifesto o compromisso dos Beatles com as drogas.
Ao final de 1967, a maioria dos músicos de rock estavam usando LSD, chamado comumente de “ácido”. A lista incluía John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Pete Townsend, Steve Winwood, Brian Wilson, Donovan, Cat Stevens, Jim Morrison, Eric Clapton, e Jimi Hendrix.
Na sua história da música rock intitulada Hungry for Heaven: Rock and Roll Search for Redemption, Steve Turner escreve: Este [LSD] era a pastilha da estrada de Damasco. As pessoas começavam a viajar como materialistas empedernidos buscando um pouco de diversão, e emergiam com seus egos rasgados e esmagados, inseguros a princípio se veriam a Deus ou se eles eram deuses”. 15
A associação entre a música rock e a cultura da droga foi influenciada especialmente pelo Professor da Universidade de Harvard Timothy Leary, autor de The Psychedelic Reader (O Leitor Psicodélico) e The Psychedelic Experience (A Experiência Psicodélica). Era amigo íntimo dos Beatles, a quem chamava “Os Quatro Evangelistas.” Leary interpretou os efeitos do LSD sobre si mesmo como “sua experiência religiosa mais profunda” de sua vida e fundou a “League of Spiritual Discovery”, a qual fez campanha para o uso legal do LSD como o “catalisador sacramental para a nova consciência”. Em uma convenção de psicólogos na Filadélfia ele declarou: “As drogas são a religião do século XXI. Procurar religião sem drogas é como estudar astronomia a olho nu”. 16
O impacto sobre o público americano foi surpreendente. De repente a maconha, a cocaína, e o LSD eram “legais”, a coisa “in” a fazer. Canções como Lucy in the Sky of Diamonds, supostamente um acróstico para o LSD, poderia ser escutado melhor por uma pessoa que estivesse drogada. Viajar no LSD se tornou o meio de passagem ao cenário do rock. A música de Jimi Hendrix, The Grateful Dead, e Cream ressoaram com a consciência do LSD.
Para alguns grupos de rock o LSD se tornou mais que uma viagem para uma vaga ‘experiência psicodélica’. Estava “desajustando as mentes, arrancando demônios e monstros daquilo que pareciam ser as profundezas do subconsciente.” 17 Eric Clapton recorda-se de uma experiência alucinante em São Francisco enquanto tocava no palco com o grupo Cream. Ele sentiu “sua guitarra aparentemente ressonando com o mundo dos espíritos”. 18 Drogas e ritmo se tornaram a base do movimento rock, porque ambos funcionavam como estimulantes para experimentar um “clímax espiritual.”
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A Rejeição do Cristianismo. As visões teológicas dos Beatles se tornaram mais claras pelo que escreveram durante os últimos cinco anos (1965-1970). Quando eles voltaram da Índia em 1965, comportaram-se como se tivessem tido algum tipo de experiência de “conversão.” Porém, sua “conversão” não aconteceu na estrada de Damasco, mas no rio Ganges. Lá eles descobriram que o LSD revelava uma verdade supostamente escondida às pessoas, isto é, que o mundo inteiro é uma imensa divindade celestial e todos nós somos potencialmente divinos. Isto significa que as religiões monoteístas como o Cristianismo, o Judaísmo, e o Islã eram “out”; ao invés disso, as religiões panteístas como o Hinduísmo, o Budismo, e a Nova Era eram “in”.
“Na canção ‘I Found Out,” as letras são muito ousadas: ‘Não existe nenhum Jesus vindo do céu. Agora que descobri eu sei que posso chorar.’ Ao longo da canção Lennon declara que viu através da religião ‘de Jesus até Paulo’ e que religião era simplesmente um tipo de droga. Na mesma canção ele declara, ‘Deus é meramente um conceito pelo qual medimos nossa dor.’
Em outra canção ‘God’, Lennon declarou que ele não acreditava na Bíblia, em Jesus, em magia, em Buda, no Ioga, ou até mesmo nos Beatles; ‘Eu só acredito em mim, em Yoko [sua esposa] e eu, e isso é realidade.’ Nas palavras finais da canção ‘God’, ele instruiu seus milhões de ouvintes, ‘E então queridos amigos, vocês só têm que continuar, o sonho acabou.’” 19 É evidente que para Lennon o Cristianismo é apenas um sonho fantástico que não oferece esperança para o futuro. A verdade é que suas canções não têm nenhuma mensagem de esperança – apenas um convite para experimentarem os prazeres temporários do momento. Às vezes Lennon era brutalmente blasfemo, atacando abertamente a Cristo, ao cristianismo e ao clero .
Paul McCartney, um dos componentes dos Beatles, anunciou, publicamente, em 1965: “Nenhum de nós acredita em Deus.” Seu assistente de imprensa oficial, Derek Taylor disse: “É incrível! Aqui estão quatro garotos de Liverpool. Eles são rudes, são profanos, são vulgares, e conquistaram o mundo. É como se tivessem fundado uma nova religião. Eles são completamente anti-cristãos. Quero dizer, também sou anti-cristão, mas eles são tão anti-cristãos que até me chocam, o que não é uma coisa fácil”. 20
Quando os roqueiros viraram as costas para o Cristianismo, engoliram ensinamentos hindus, especialmente os do guru de Maharishi Mahesh Yogi, fundador do Movimento de Regeneração Espiritual. No ensinamento hindu, a música rítmica liberta as almas aprisionadas no mundo da ilusão, habilitando-as a experimentar uma “consciência de deus”. O grupo de rock “The Who”, que adotou ensinamentos hindus, usou sua música como uma
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descrição alegórica de uma viagem da escuridão espiritual para a “realização de deus.”
A atração dos gurus indianos não durou por muito tempo para os músicos de rock. A fabulosa riqueza dos gurus, o número de Rolls-Royces, e o seu tratamento abusivo às mulheres, tudo revelava que eles eram menos que deuses. Esta desilusão pode ter contribuído para a obsessão com o Satanismo, que se tornou característico nos anos setenta.
É impossível calcular o impacto da música dos Beatles na civilização ocidental. Suas músicas e as letras promoviam filosofias caracterizadas pelo ateísmo, niilismo, rebelião, surrealismo místico, satisfação imediata, e uma vida construída nos altos e baixos da cultura da droga.
Um artigo na revista Time aponta, corretamente, que há mais na música dos Beatles do que os olhos podem ver: “A linha de batalha envolve muito mais que sua música. Envolve uma cultura de drogas, um tema anti-Deus, uma posição anti-americana, e pró-revolucionária. Envolvia um reconhecimento de que Lennon era mais que um músico”. 21 Como no caso de Elvis Presley, Lennon se tornou para os fãs do rock um ícone sobre-humano, um semideus. O culto aos heróis do rock é um aspecto significativo do cenário do rock a ser considerado no capítulo 4.
A Moda das Drogas e o Acid Rock. O fenômeno da moda das drogas ganhou impulso na última parte dos anos sessenta e tem continuado até nossos dias. De 1966 a 1970, o cenário das drogas e dos hippies influenciou a batida propulsora, hipnótica da música rock. Uma nova forma de música rock, conhecida como Acid Rock, começou a contaminar os ares em 1967. A idéia desta música era recriar a ilusão das “viagens” do LSD (ácido lisérgico dietilamina) por intermédio da música e do uso de luzes.
O acid rock era mais lento e apático que o hard rock e era usado tanto para induzir a uma “viagem psicodélica” quanto aumentar ainda mais a experiência ao tomarem essas drogas. A cultura das drogas da música rock daquela época fez as suas vítimas. A overdose de drogas é responsável pela morte de astros famosos do rock tais como Elvis Presley, Jimi Hendrix, John Bonham, Jim Morrison, Sid Vivious, Janis Joplin, Bon Scott, Keith Moon, Bob Marley, e outros.
A morte de Jimi Hendrix no dia 17 de setembro de 1970, causou uma tristeza de comoção mundial. Para alguns fãs do rock a morte de Jime era como se fosse a morte do próprio Jesus. Ele foi considerado como o guitarrista mais influente, dinâmico, e musicalmente competente de seu tempo. Para ganhar a atenção da multidão, Hendrix elevava sua guitarra à boca, arrancando as cordas
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com seus dentes e então sensualmente afagava a guitarra. Ele insinuava uma relação sexual usando a guitarra como sua parceira sexual.
No auge de sua apresentação, Hendrix destroçava sua guitarra e o amplificador, embebendo-os em fluido de isqueiro. Entre a fumaça e as chamas ele caminhava para fora do palco. Seu empresário carregava amplificadores, guitarras, e alto-falantes sobressalentes, porque Hendrix destruía pelo menos dois alto-falantes em cada show.
Hendrix era conhecido especialmente por seu estilo de vida orientado às drogas, expresso em canções tais como “Purple Haze.” Ele foi preso em várias ocasiões por porte de narcóticos. O uso da música rock e drogas eram para Hendrix um tipo de experiência espiritual – um modo de se ligar a um falso mundo espiritual. As drogas que ele glorificava eventualmente tiraram sua vida. Ele tinha acabado de se apresentar em um enorme concerto em Isle of Wright na Grã Bretanha. Na noite de 17 de setembro de 1970, ele ficou no apartamento de uma garota alemã chamada Monika. Eles fumaram maconha juntos até às 3:00 da madrugada, quando foram juntos para cama. Às 10:20 da manhã Monika encontrou Henrix deitado de bruços, asfixiado em seu próprio vômito após uma overdose de droga.
A lição da morte de astros do rock tais como Presley e Hendrix é clara. A riqueza e a fama acumuladas pelos super-astros da cultura rock não provê paz interior e nem propósito na vida. A razão é que a paz interior e harmonia são encontradas, não por meio da magia das drogas ou da excitante música rock, mas através da Rocha Eterna que nos convida a vir a Ele e achar descanso n’Ele (Mateus 11:28).
Durante esta era as drogas tornaram-se o meio para trazer a cultura do rock à esfera da religião. Infelizmente foi uma religião profana, dominada pelo Príncipe do Mal. As sementes semeadas nos anos sessenta frutificaram nos anos setenta, enquanto a música satânica era produzida por numerosos músicos de rock.
À luz dos fatos que acabamos de revelar sobre a música rock nos anos sessenta, deixe-nos colocar novamente nossa intrigante questão: Pode a música rock, que nos anos sessenta rejeitou o cristianismo, glorificou a perversão sexual, promoveu as drogas, que foram responsáveis pela perda das vidas de alguns de seus heróis, ser adotada legitimamente e transformada em um meio apropriado para adorar a Deus e proclamar o Evangelho? Ao respondermos a esta pergunta, é importante nos lembrarmos que o meio afeta a mensagem. Se o meio é associado com a rejeição do cristianismo, perversão sexual e drogas, ele não pode ser legitimamente usado para comunicar as afirmações morais do Evangelho.
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